segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

MEMÓRIA DE INFÂNCIA

   Quando era pequena, lembro-me que a minha tia Paula me disse algo que ficou e ficará para sempre registado na minha memória. Disse-me: “ Podes não acreditar, mas antes de tu nasceres eu já sabia exactamente como ias ser”.
            Sempre mantive com a minha tia uma relação muito especial e de grande cumplicidade e proximidade. Um dos factores que contribui para esta relação assim tão especial é o facto de vivermos no mesmo prédio, apenas a dois andares de distância.
Relembro agora que quando eu tinha apenas três anos, a minha tia Paula, a minha segunda mãe, adoeceu gravemente. A minha mãe explicou-me delicadamente e de forma simples que a sua doença era complicada e mais grave do que o considerado normal. Inevitavelmente comecei a chorar. “Vai correr tudo bem, minha querida! A tia vai ficar bem e vamos todos ajuda-la e tratar dela”.
 Nem as palavras reconfortantes da minha mãe me valeram. Posso dizer que o meu pequeno mundinho desabou. Perder a minha tia Paula seria como perder uma enorme parte da minha vida. A partir do momento em que soube da sua doença, tudo o que desejava era poder estar sempre ao seu lado. Lembro-me que ia para sua casa, sentava-me e contava-lhe histórias. Às vezes, cantava-lhe canções de embalar; outras vezes, apenas lhe dava a mão e adormecia no seu ombro. Entretanto, a minha tia deu entrada no hospital para ser operada. Ali permaneceu por vários dias, numa luta permanente. E eu…aguardei.
            Hoje posso afirmar que venceu a sua luta. É com tristeza que recordo o difícil período em que a minha tia esteve doente. Contudo, sinto-me feliz quando ainda hoje me diz: “És uma das razões pelas quais consegui ter força para vencer a minha doença”. Admiro-a por toda a sua coragem mas, acima de tudo, pela pessoa que é e pelo que representa na minha vida. Com ela aprendi a não baixar os braços e a lutar e não desistir daquilo em que acredito.

Joana Maia
10ºH

Sem comentários:

Enviar um comentário