sábado, 19 de fevereiro de 2011

Autobiografia


            Na verdade não é fácil para um adolescente contar a sua vida, pois para além de breve, ainda não conhecemos a vida, falta-nos a experiência e é agora que a começamos a ganhar.
            As primeiras recordações de que me consigo lembrar são referentes à partida do meu pai, quando eu tinha apenas quatro anos. Fisicamente não partiu para longe. Afectivamente nunca mais voltou. Volta às vezes, quando se lembra. É algo de que me recordo com relativa facilidade, lembro-me do carro, o meu lugar era no banco de trás à direita. Em casa discutiam à volta da mesa, uma simples mesa e desse dia deve ser a minha recordação mais viva, a sua tonalidade, um castanho escuro, uma mesa imponente, a mesa. Devo ter sorte, pois acho que esta separação dos meus pais não me afectou tanto quanto possa parecer, pelo contrário fez-me crescer e ver, nada dura para sempre.
            A minha primária foi uma fase simples da minha vida. Aprendi as coisas elementares, mas fiz também o meu melhor amigo de sempre, daqueles que são para a vida. Depois no quinto ano tenho a sensação de ter mudado, era ainda inocente, não sentia pressões, limitava-me a responder aos meus mais sinceros gostos, fazia o que sentia, e não o que tinha pensado fazer. Esta fase durou até ao sétimo ano, quando entrei para a Escola Secundária Quinta das Flores. Aqui começo a entrar na adolescência e há um ponto de viragem da minha vida. Não sou mais inocente, nesse ano vivi o meu primeiro amor, o primeiro beijo e mais uma vez fiz amizades que com certeza irão durar por longos anos. Do sétimo ao nono ano cresci mais do que nunca, defini-me, tornei-me no que sou agora. Foram até agora os melhores anos da minha vida, e o melhor sem dúvida o nono, em que posso até mesmo afirmar que para um adolescente vivi tudo, até aquilo que nenhum adolescente deve viver. Cometi erros, muitos erros e esses mesmos erros os voltarei a cometer, mas também ganhei e dei a volta por cima. Era sempre tudo tão incerto e ainda é.
            Quando o meu pai adoeceu, fiz um poema, dos primeiros. E a partir daí em vez de chorar, agarrava-me ao papel. Hoje quero chorar e não consigo. Coisas da vida. Felizmente o meu pai, depois de muito sofrimento, conseguiu ultrapassar.            Apesar de tudo, de ele nunca vou conseguir partir, nem às vezes.
            Num passado mais recente, já no décimo ano gostava de destacar o meu desempenho escolar, pois de resto nada é como no nono, tenho saudades  muitas.Tenho saudades de momentos que não vivi, quero voltar para trás amanhã.
            (Nasci no dia 17 de Janeiro de 1995, pelas 22 horas).

Gonçalo Coimbra
nº14
10ºH


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